Carta convite

Aos amados Pastores e Líderes da santa Igreja de Cristo, graça e paz.


Louvo a Deus pela vida de todos os irmãos que têm se dedicado a servir ao Senhor da igreja com inteireza de coração e simplicidade de vida. Que Deus, o nosso eterno Pai, possa recompensá-los por tamanha dedicação e fidelidade.

Creio não ser nenhuma novidade o momento, simultaneamente, glorioso e calamitoso por que a igreja passa em diferentes partes do mundo. Também acredito em que todos já perceberam que estamos vivendo um período de confusão generalizada acerca do que vem a ser um evangélico e qual a sua missão. Acredito não fazer muito tempo em que identificar um líder ou membro de seita e um evangélico não era algo assim tão difícil. Basicamente, o membro de seita era governado por um líder humano com traços luceferianos, na maioria das vezes, bem subjetivos. E ser evangélico tinha a ver com submeter-se a palavra da verdade ou a Bíblia como autoridade suprema sobre tudo e todos. A voz dos líderes deveria ser eco das escrituras e nunca o contrário.

Os reformadores do século XVI pareciam estar prevendo a necessidade do lema “Ecclesia reformata et semper reformanda est” (A igreja reformada está sempre se reformando) e a importância de aplicá-lo ao longo de sua peregrinação. Eles sabiam que a santa igreja podia, por causa dos seus membros pecadores, ter a necessidade de, tempo em tempo, passar por uma reforma.

Mas que reforma seria esta? Alguns a interpretam numa perspectiva litúrgica. Eles dizem que a igreja que sempre se reforma está conectada ao dinamismo de seu tempo e seus cultos devem ser animados e inclusivos. Segundo estes, uma igreja genuinamente reformada se caracteriza pela marca da animação litúrgica. Há ainda os que adquiriram fobia de templo e passam a reunir-se nas casas ou em pequenos grupos. Para os líderes deste movimento, intitulado segunda reforma, a igreja começou nas casas e deve terminar nas mesmas antes da volta de Cristo. Será que este movimento templofôbico pode ser caracterizado como expressão do lema dos reformadores supracitados? Com certeza não. O que realmente estes piedosos homens afirmaram nada tinha a ver com métodos, mas com valores relacionados com a vida e a beleza do Reino de Deus. Para eles, estes valores deveriam ser constantemente reafirmados e encarnados no cotidiano de todos aqueles que professam sua fé em Cristo Jesus. A igreja nunca deveria se desconectar da cultura e das pessoas capturadas pela cultura. No entanto, a Eclésia nunca poderia se submeter a qualquer valor cultural que roubasse sua identidade como agência do Reino de Deus na terra. Nosso discurso profético de denuncia dos pecados pessoais e sociais e da graça de Deus sempre deveria se fazer ouvir.

Reforma Hoje é o brado de um número muito maior de pessoas do que podemos imaginar. Pessoas de todos os estados e denominações anseiam por ver o lema da reforma tornar-se carne e habitar entre nós. Homens e mulheres oram e clamam para que Deus faça algo na vida daqueles que se declaram discípulos de Jesus. Pastores cansados de modelos importados e propostas mágicas. Líderes cansados de serem burocratas de uma instituição pesada e com pouca relevância no modus vivendi de uns cem números de pessoas.

Quero convidar todos os inquietantes membros do corpo de Cristo, principalmente sua liderança a participar do inicio de um projeto intitulado Reforma Hoje. Este projeto não se propõe a ser “a resposta” nem “o modelo mágico” de crescimento de igreja. Nossa proposta é unir cristãos confessionais e somarmos força por um avivamento bíblico. Onde passaremos a ter prazer na Lei do Senhor e nela meditar de dia e de noite. Onde a oração não será uma prática mágica, mas uma forma de alimentar o nosso coração para levar-nos a depender mais de Deus e servi-lo em obediência integral. Onde o evangelismo é visto como expressão do compromisso com a expansão do Reino e não como meio de disputarmos mercado. Onde a nossa presença incomode não por nossos conchavos e esquemas políticos, mas por nossa ética e compromisso com o bem estar de todos sem distinção.

Toda grande partida de futebol tem um pontapé inicial. E o nosso será no dia 24 e 25 de setembro (Igreja Presbiteriana de Itaparica – Vila Velha – ES) onde trataremos do tema: A teologia reformada e a formação do homem público. Será um tempo precioso e espero que desfrutemos dele juntos.